quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Redução das nomenclaturas dos cursos de engenharia

Atentos aos processos de discussão dos novos referenciais curriculares nacionais, a ABECE traz o tema na próxima seção Plenária, que ocorrerá no dia 29 de outubro. Verifica-se pela proposta de redução das nomenclaturas, uma oportunidade para a sociedade e, sobretudo, a comunidade técnica discutir a questão. Confira.

Confea discute redução das diferentes nomenclaturas dos cursos de engenharia
Brasília, 25 de outubro de 2010.


Por Mariana Silva



Os referenciais curriculares nacionais dos cursos de bacharelado e licenciatura relacionados ao Sistema Confea/Crea desenvolvidos pela Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC/SESu) serão um dos temas de destaque da Plenária nº 1.374, que acontece de 27 a 29 de outubro na sede do Conselho Federal, em Brasília. O assunto será apresentado pelo presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Mario Neto Borges; e pelo vice-presidente da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge), Nival Nunes de Almeida. A intervenção será feita na manhã do dia 29 de outubro, das 11h às 12h, e transmitida ao vivo pelo site do Confea.

Na última sessão plenária, no dia 29 de setembro, o Plenário tomou a Decisão PL-1.289/10, que apoia a implantação desses referenciais curriculares pelo MEC. “Isso refletirá positivamente no esforço deste Federal para racionalizar os títulos profissionais concedidos aos egressos dos cursos de graduação nas áreas fiscalizadas pelo Sistema Confea/Crea”, lê-se na ementa da Decisão. Um dos pontos essenciais diz respeito a reduzir para 28 o número de denominações de cursos de engenharia e arquitetura, que hoje somam 93.

A engenharia será a primeira área do de conhecimento avaliada pelo programa de referenciais curriculares nacionais, que determinará as linhas gerais de cada curso superior oferecido no Brasil, ajustando suas denominações. Pela proposta do MEC, os 28 cursos seriam:

Agronomia,
Arquitetura e Urbanismo,
Engenharia Aeronáutica,
Engenharia Agrícola,
Engenharia Ambiental e Sanitária,
Engenharia Cartográfica e Agrimensura,
Engenharia Civil,
Engenharia de Alimentos,
Engenharia de Bioprocessos,
Engenharia de Computação,
Engenharia de Controle e Automação,
Engenharia de Fortificação e Construção,
Engenharia de Materiais,
Engenharia de Minas,
Engenharia de Pesca,
Engenharia de Petróleo,
Engenharia de Produção,
Engenharia de Telecomunicações,
Engenharia Elétrica,
Engenharia Eletrônica,
Engenharia Florestal,
Engenharia Mecânica,
Engenharia Mecânica e de Armamento,
Engenharia Mecânica e de Veículos Militares,
Engenharia Metalúrgica,
Engenharia Naval,
Engenharia Química e
Engenharia Têxtil.

Outra intervenção de destaque será a do coordenador da plataforma dos movimentos sociais pela reforma do sistema político brasileiro, José Antônio Moroni. O Movimento tem como principal objetivo discutir o poder, quem o exerce e em nome de quem o faz. Outras questões, como os mecanismos para exercer o poder e para controlá-lo e formas de tornar os espaços de decisões políticas permeáveis aos interesses populares também fazem parte de seu escopo. Mais informações podem ser obtidas por meio do site do Movimento, http://www.reformapolitica.org.br/.

 

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Cientistas italianos criam sistema para prever desmoronamentos

Instituto de Engenharia

BBC

Pesquisadores da Universidade Politécnica de Milão instalaram, com a ajuda de alpinistas, uma série de sensores especiais para captar os mínimos movimentos na montanha San Martino, em Lecco, norte da Itália.Os dados obtidos pelos aparelhos são enviados em tempo real, através de tecnologia wireless, para o laboratório a pouco menos de cem quilômetros em linha reta. O objetivo é gravar os sons emitidos pela rocha durante a ocorrência de fraturas internas.

Aparelho na parede vertical da montanha de San Martino. (Foto: Universidade Politécnica de Milão)

Para saber mais: Instituto de Engenharia

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Construções em Madeira: Romantismo ou Pragmatismo?

Neste artigo do Prof. Dr. Luis Augusto Conte Mendes Veloso, da Universidade Federal do Pará, fica a questão sobre até que ponto ainda é possível projetar em madeira. Nos conhecemos na Poli, na época da Pós-Graduação, e estivemos juntos no Projeto de Recuperação da Cobertura do Ginásio Poliesportivo do Pacaembu, em São Paulo. Além dos estudos em cumum tendo a madeira como tema.

Dr. Luis Augusto Conte Mendes Veloso
Professor Adjunto da Universidade Federal do Pará - UFPA


Minha história com as construções de madeira começou cerca de dez anos atrás. Naquela época, fora selecionado para participar de um convênio firmado entre o Centro Tecnológico da UFPa e a Escola Politécnica da USP. Os alunos selecionados poderiam estudar na USP durante um ano e terem seus créditos integralizados na UFPa.

Um dos principais motivos para a realização do convênio foi o fato de que a antiga NBR-7190 ― Projeto de estruturas de madeira, estava passando por uma profunda revisão de suas especificações normativas. A versão desta norma era de 1951 e, portanto, apresentava vários de seus modelos de cálculo defasados. Devido às características do material madeira, era necessária a realização de vários ensaios experimentais para a calibração da nova norma e necessitava-se de alunos de iniciação científica para auxiliar os pesquisadores responsáveis pelo projeto.
Excetuando-se as universidades, as pesquisas sobre estruturas de madeira no Brasil ficaram, cerca de cinqüenta anos, unicamente na mão dos cupins!

As poucas iniciativas em construções ocorreram antes da década de 40, com estruturas realizadas pelo eminente engenheiro Erwing Hauff, em São Paulo.
Arcos em madeira do Ginásio Poliesportivo do Pacaembu, em São Paulo

E, mais recentemente, com as estruturas da Ita Construtora, pelo engenheiro Hélio Olga, em parceria com o arquiteto Marcos Acayaba.


Casa Construída por Hélio Olga em São Paulo

O que eu queria, de fato, era estudar na POLI-USP, por tudo aquilo que esta instituição representa em termos de ciência e tecnologia para o país. Tinha grande interesse de aprofundar meus conhecimentos em Mecânica das Estruturas - Teoria das Estruturas e Resistência dos Materiais.

No fundo, eu não achava uma boa idéia estudar estruturas de madeira, pelo menos considerando os mitos que julgava serem verdades: a madeira é um material que pega fogo rápido; tem problemas  gravíssimos de durabilidade; as casas de madeira apresentam um baixo conforto térmico; os pisos dessas casas apresentavam um incomodo rangido ao se caminhar, sugerindo uma estrutura sujeita a colapso iminente. Ainda havia o problema ambiental! Com tantos materiais sintéticos modernos, derrubar árvores na floresta, agredindo o ecossistema, parecia-me no mínimo medieval... Realmente, eu achava que construções de madeira eram para românticos - uma casinha de madeira na beira da praia!

Agora vamos aos fatos!

a) Cachimbos são de madeira! A madeira precisa de uma temperatura elevada para iniciar o processo de ignição e a queima do material é algo progressivo respeitando uma taxa que depende da evolução da temperatura na peça. Iniciado o processo de combustão, há formação de uma camada carbonizada envolvendo a peça que diminui a condutibilidade e, com isso, há uma redução na velocidade de queima. Estudos realizados na POLI-EPUSP2 mostram que com o aumento da temperatura, a perda percentual de resistência em corpos-de-prova de concreto é mais acentuada que nos de madeira. Portanto, desde que sejam bem projetadas, as estruturas de madeira apresentam ótimo desempenho em situação de incêndio.

b) Se evitados os contados diretos com ciclos de umidade e com a radiação solar, as estruturas de madeira apresentam grande durabilidade. Na Europa há estruturas de madeira com cerca de 400 anos de idade. Seja qual for o material que constitua uma estrutura, o arranjo estrutural utilizado, é necessário programas de inspeções regulares!

Ponte de Vihantasalmi na Finlândia
c) Cerca de 90% das casas construídas nos países desenvolvidos são de madeira1. Nessa estatística, incluem-se os países da Escandinávia onde a temperatura atinge, em muitos meses do ano, temperaturas a baixo de zero grau Celsius. É que o arranjo de paredes das casas que eu conhecia, constituídas por apenas uma camada de tábuas justapostas como escamas de peixe, proporciona baixo conforto térmico, embora a madeira apresente uma baixa condutibilidade térmica (um dos fatores para o bom desempenho térmico).

Peças compostas da Cobertura de Izumo no Japão

d) Esse problema resulta de um arranjo estrutural ineficiente. Pode ser facilmente resolvido a partir de uma combinação de concreto e madeira. Pesquisas3 mostram que os pisos mistos de madeira-concreto apresentam ótimo desempenho em relação a vibrações sujeitas a atividades humanas, tais como o caminhar, mesmo considerando padrões rigorosos, tais como o da norma ISO - 2631 – Mechanical Vibration and Shock – Evaluation of Human Exposure to Whole-Body Vibration.


e) Essa é a melhor parte! A madeira é um material renovável e biodegradável. Dentre os materiais de construção usuais, tais como, concreto, aço, alumínio e plástico é o que apresenta menor consumo energético para sua obtenção (esse é um dos parâmetros para se medir o impacto ambiental gerado). Devido à fotossíntese realizada pelas árvores, a madeira contribui para o seqüestro do carbono presente na atmosfera que causam o efeito estufa. Uma tonelada de madeira armazena cerca de 500 quilos de átomos de carbono4. Pelo ponto de vista ambiental, é uma ótima idéia utilizar madeira na construção, desde que as florestas sejam manejadas de forma sustentável. Em relação ao desempenho estrutural, a madeira apresenta uma relação resistência à compressão x peso específico superior ao concreto e comparável ao do aço (superando este último, dependendo da madeira e do aço considerados).

Então, romantismo ou pragmatismo?

Para saber mais:

1) BLASS, H. J. Timber Engineering STEP. Centrum Hout, 1995.

2) ALMEIDA, P. A. O., SANCHES, S. B. Efeito da Temperatura nas Resistências da Madeira e do Concreto. Téchne, n.33, p.40 - 42, 1998.

3) ALVIM, R. de C.; VELOSO, L. A. C. M.; SOUZA JÚNIOR, H. O.; ALMEIDA, P. A. de O. Piso misto de madeira-concreto para uma edificação residencial. In: VII EBRAMEM, 2000, São Carlos. 2000.

4) NATTERER, J; REY, J. L. S. M. Construction en bois – Traité de Génie Civil de l’ Ecole Polytechnique Fedérale de Lausanne, 2000.





sábado, 23 de outubro de 2010

Encontro Nacional de Betão Estrutural 2010

Para quem ainda não sabe, o betão estrutural é termo português (em português ibérico) para o nosso concreto estrutural. O Encontro Nacional de Betão Estrutural 2010 é um dos maiores eventos portugueses sobre o tema, sendo organizado pelo Grupo Português de Betão Estrutural (GPBE) e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), entre os dias 10 a 12 de Novembro de 2010. Este evento tem como principais temas, o material betão estrutural, modelos de dimensionamento, comportamento de estruturas e tecnologia e processos construtivos.

Habitações Populares: Erigindo Sonhos

Revista Arquitetura&Aço
Em matéria recente da Revista Arquitetura&Aço, da CBCA-Centro Brasileiro da Construção em Aço, é possível ver um bom exemplo de projeto popular. Sem se deixar levar pela ideia de que para ser barato é necessário diminuir a qualidade, no projeto da CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) de São Paulo foram construídos 203 prédios – de cinco e sete pavimentos – nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, em diversos canteiros, totalizando mais de 230 mil m2 de construção e que se apresentam como um modelo de solução construtiva em aço.

Os apartamentos têm dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. No total, são 4.364 unidades, que atendem às necessidades de moradia de famílias de baixa renda em duas das maiores cidades do Estado de São Paulo. Seguindo o padrão de arquitetura adotado pela CDHU, a principal diferença entre eles está no tipo de estrutura em aço e nos engradamentos. Nos projetos da Usiminas, os pilares são tubulares de seção circular e retangular, as vigas são em perfis de chapa dobrada, e os engradamentos em perfis conformados a frio.
Para saber mais: Revista Arquitetura&Aço

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Arábia Saudita construirá prédio mais alto do mundo

A companhia da Arábia Saudita Kingdom Holding planeja construir a torre mais alta do mundo como parte de um projeto de R$ 33,8 bilhões (US$ 20 bilhões) na cidade de Jedá (oeste do país), informou um jornal local nesta quinta-feira (21). Copyright Thomson Reuters 2009.

O prédio mais alto do mundo atualmente está em Dubai, o Burj Khalifa, com 828 m de altura. A lista completa inclui outras torres com mais de 500 metros de altura (veja lista)

Estes prédios são hoje possíveis graças ao uso de novos materiais de construção, com suas capacidades aproveitadas ao máximo. Mais do que isso, a combinação do aço estrutural e do concreto armado, no que cada material tem de melhor, leva essas estruturas a suportar os grandes esforços de vento, em alturas de quase 1 km, comportando-se dinamicamente dentro de padrões aceitos para o uso das pessoas, isto é, com conforto humano. Para isso, modelos computacionais muito complexos são propostos e permitem analisar diferentes situações de carregamento e soluções para o sistema estrutural e construtivo, antes mesmo do início das obras.



Razão e sensibilidade na formação





O engenheiro português Celestino Quaresma apresenta nesta matéria da Revista Engenharia, do Instituto de Engenharia, um depoimento bastante oportuno sobre os desafios de formar um engenheiro civil pleno no mercado atual. O eng. Celestino aponta para as deficiências na formação docente nos dias de hoje. Defende a experiência profissional como condição para a transmissão efetiva do conhecimento e outros conceitos fudamentais. Leia.

Engº. Celestino Florido Quaresma, presidente da Ordem dos
Engenheiros na Região Centro de Portugal com sede em Coimbra

Com um discurso de grande conteúdo e sabedoria, o engº português Celestino Florido Quaresma disse, em recente evento no Paraná, que o que se pretende do engenheiro é que seja alguém capaz de criar, de gerir sistemas de informação e, com base na análise, seja capaz de planejar a produção. “O que se pretende é que o engenheiro saiba interpretar quantitativamente a informação, mas com a intuição que o conhecimento científico proporciona no apoio à decisão. O que se pretende é que o engenheiro saiba aproveitar a informação para fundamentar as decisões e os processos e as técnicas que constituem a produção e o aprovisionamento, sem nunca descurar da inovação”

Com o objetivo de informar sobre o que se passa com a engenharia em Portugal e no restante da Europa, esteve recentemente no Brasil o engº Celestino Florido Quaresma, presidente da Ordem dos Engenheiros na Região Centro de Portugal com sede em Coimbra, representando o Conselho Diretivo Nacional da Ordem dos Engenheiros de Portugal. Ele também pertence ao European Monitoring Comité da Federation Europeéne des Associations Nationaux d’Injénieurs (Feani).

Durante seu pronunciamento no Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), em Curitiba, o conferencista lembrou ser a capital paranaense irmã gêmea da cidade de Coimbra, que por sua vez tem a universidade mais antiga de Portugal e uma das mais antigas do mundo. Já Curitiba tem a mais antiga universidade do Brasil. “Com colegas que falam a mesma língua e numa cidade como esta eu me sinto em casa”, afirmou em sua saudação.


Quaresma, que é engenheiro civil da área de estruturas, iniciou sua palestra dizendo que, muito para além de defender os interesses dos engenheiros, é dever dos dirigentes de entidades exigir dos engenheiros o máximo de qualidade nos atos de engenharia que se praticam.

“A mensagem que vos deixo é que mostrem à comunidade que, muito para além de interesses corporativos, vocês engenheiros estão preocupados com a qualidade de vida futura no vosso Estado e no vosso Brasil. Que estão preocupados com os grandes temas nacionais e globais como aqueles que dizem respeito à sustentabilidade do meio ambiente e à qualidade de vida no planeta. É preciso mostrar à comunidade que os engenheiros são o melhor recurso estratégico para promover o desenvolvimento do país. A mera defesa de interesses corporativos em luta com outras profissões não dá credibilidade nem leva a lado nenhum. Essa luta se ganha por outra via mais demorada, mas mais eficaz. A engenharia tem de colocar-se perante a sociedade num nível superior. Conseguindo-se esse estatuto, ganha-se mais credibilidade e todo o resto vem naturalmente por acréscimo”.

E aproveitou para saudar os membros do Observatório de Engenharia. “Eles estão iniciando um movimento neste sentido que há de mostrar à comunidade do Paraná e do Brasil o valor da engenharia.” Durante o seu discurso Quaresma passou a expressar sua concepção sobre o tema principal, conforme o que se segue.

“Engenharia é a atividade de concepção, projeto e realização de sistemas ou de produção de bens e serviços, destinados a satisfazer as necessidades da sociedade, com base no conhecimento científico e tecnológico, e segundo paradigmas de ética, eficiência e eficácia, bem como de sustentabilidade e equilíbrio em relação ao meio ambiente.”

“A engenharia civil transforma e adapta a natureza com o fim de otimizar a qualidade de vida dos seres humanos. Para melhorar a qualidade de vida, o homem sempre fez e faz engenharia civil, a qual exige formação científica, engenho, criatividade e inovação.”
“Construções megalíticas. Topografia. Zigurates da Mesopotâmia. Pirâmides do Egito. Farol de Alexandria. Muralha da China. Templos gregos. Estradas romanas. Coliseu e Panteão de Roma. Catedrais românicas. Catedrais góticas. Aço. Metalurgia. Pontes. Geotecnia. Hidráulica marítima. Hidráulica fluvial. Barragens. Aproveitamentos hidroelétricos. Irrigação. Proteção do Ambiente. Construção de edifícios. Acústica. Engenharia sanitária. Estruturas metálicas, de madeira e de concreto. Estradas. Aeroportos. Vias férreas. Segurança. Racionalização do trabalho. Ordenamento do território. Transportes. Urbanismo. Economia. Planejamento. Gestão de empreendimentos. Apoio à decisão. Tudo isto é engenharia civil. Tudo é engenharia.”

E como se forma um engenheiro civil?

“A formação de um engenheiro civil deve assentar numa base científica onde têm lugar as ciências básicas como a matemática, a física, a química e a geologia. E, logo a seguir, as ciências de especialidade, que devem incluir disciplinas como a topografia, a estática aplicada, a mecânica dos sólidos deformáveis, a dinâmica, a resistência de materiais, a hidráulica geral, a hidrologia, a mecânica dos solos e das rochas, a teoria das estruturas, a engenharia de tráfego, desejavelmente complementadas com a informática, noções de economia, de gestão, de sociologia, de psicologia, alguns princípios do direito e, uma ou outra abordagem de carácter humanístico, versando a ética e a deontologia. Como aplicação, vêm depois as disciplinas ao nível de projeto, de gestão, de planejamento e de produção.

“O professor universitário é hoje, em todo o mundo, avaliado e classificado mais por sua atividade na pesquisa científica do que por sua atividade de professor, mais pelo número de artigos científicos que publica e pelo número de vezes que é citado noutros artigos do que pela eficiência e qualidade com que transmite saber aos estudantes através de aulas, de textos de apoio, de palestras ou até de convívio. Naturalmente que, assim, o professor tem tendência a afastar-se do estudante e acaba por não ter influência relevante na sua formação.”


“Há professores de engenharia que nunca exerceram a profissão de engenheiro em nível do projeto ou da produção."

"Assim, os estudantes dificilmente captam deles o espírito da profissão que escolheram. Os estudantes de engenharia esperam ver em seus professores, engenheiros de excelência. Mas, em vez disso, encontram cientistas, alguns de muito elevado nível, mas tantas vezes distantes da engenharia que projeta, que gere, que planeja e que produz.”

Os professores de engenharia, além de doutores com relevante curriculum acadêmico e científico, precisam ter também alguma experiência profissional, algum feeling de engenheiro. Como poderá ser transmitida a vivência de uma profissão, escolhida pelos estudantes, se nunca foi exercida pelos professores? Como se pode ensinar a nadar sem nunca ter nadado?”, pergunta-se Quaresma.

“Mas também não aceitamos a crítica comum de que o ensino da engenharia deveria ser mais prático, com mais componente de trabalhos e projetos! Chega-se, por exemplo, a criticar um jovem engenheiro civil só porque não sabe o que é uma empena ou porque não conhece alguns outros termos da gíria da construção.”

“Caros colegas: não devemos confundir, nem deixar que se confunda, a informação superficial com as bases científicas formativas do ‘saber pensar’, do ‘saber fazer’ e do ‘ser capaz de inovar’.”

“Se não houver cuidado os trabalhos e as disciplinas de projeto e de produção nas universidades podem transformar-se em um conjunto de receitas e de técnicas já muitas vezes repetidas, que se desatualizam e só trazem rotina e pouca ou nenhuma criatividade.

Por isso recomendamos uma chamada de forma acentuada, de engenheiros com carreiras profissionais de excelência comprovada, como professores convidados nas faculdades de engenharia, para colaborar em disciplinas de projeto, de gestão, de planejamento e de produção.”

“A universidade deve ensinar bem as ciências de base e as ciências de engenharia. É com essas ciências que se entende o que está escrito nos livros de engenharia, que se estuda um problema de engenharia. As técnicas e os modos de trabalhar desatualizam-se com facilidade. Os conhecimentos e a formação científica de base, esses não se desatualizam. É com esse background que se faz inovação, que se concebem novas técnicas, novas soluções e novos métodos.”

“Quando uma empresa de construção contrata um engenheiro, o que se pretende não é um chefe de oficina. Não é um encarregado. Esse apenas resolve problemas concretos que já viu resolver. O que se pretende é alguém capaz de criar, capaz de gerir sistemas de informação e, com base na análise, seja capaz de planejar a produção.

O que se pretende é que o engenheiro saiba interpretar quantitativamente a informação, mas com a intuição e a sensibilidade que o conhecimento científico proporciona no apoio à decisão. O que se pretende é que o engenheiro saiba aproveitar a informação para fundamentar as decisões e os processos e as técnicas que constituem a produção e o aprovisionamento sem nunca descurar da inovação.”

“Numa economia cada vez mais aberta, em que a competitividade e a produção de riqueza são alicerçadas no conhecimento e na capacidade de inovação, a formação dos engenheiros é um aspecto fundamental a ter em conta. Esta formação é tanto mais valiosa quanto mais eficaz e duradoura for a sua influência na vida profissional. A passagem da Universidade para a vida profissional tem de fazer-se com uma bagagem de conhecimentos, de competências e de valores culturais e éticos, bem ajustada às exigências das situações em que a engenharia hoje atua.

Ora, em face do progresso científico e da constante inovação tecnológica, quando se fala da formação estamos, também, necessariamente a falar de formação contínua ao longo da vida profissional. É preciso mentalizar, desde bem cedo, o jovem engenheiro para uma contínua atitude e capacidade de permanente aprendizagem.

Na Universidade aprende-se a aprender. Ninguém se forma de uma vez só. Somos estudantes toda a vida.”

“As transformações por que passam as sociedades modernas são cada vez mais rápidas. Assistimos a isso a cada dia que passa. ‘Todo o mundo é composto de mudanças’. Disse-o Luís de Camões num seu soneto há mais de 400 anos. Mas as mudanças que o mundo de hoje está sofrendo são estonteantes.

Não têm precedente histórico. Por esse motivo, hoje, a inovação é crucial para qualquer país. A manutenção de formas de organização ou processos caducos e a recusa e o medo de experimentar e avaliar de prevenção, do que os médicos e o Ministério da Saúde.”

“Sem a formação científica de base não é possível estudar problemas de engenharia. Uma coisa é repetir técnicas já muito usadas e outra bem diferente é encontrar novos métodos, novas técnicas e novas soluções. Mas não tenhamos ilusões: essa formação científica de base, que é fundamental para a engenharia e para a medicina, ou se exige no início dos cursos universitários ou nunca mais se aprende. A informação procura-se na internet, mas a formação… essa não está na internet! A informação e as técnicas desatualizam-se. Para conceber novas técnicas e novos métodos de trabalho é preciso formação científica de base. A engenharia tem de ser muito exigente nessa formação de base.”

“Aos colegas mais jovens, eu gostaria de deixar uma mensagem de confiança e otimismo. Com a formação de base que vocês trazem de um curso de cinco anos, com a excelência exigida pelas universidades brasileiras, não tenham qualquer receio de encarar a profissão de engenheiro civil qualquer que seja a área de atuação. Mas não queiram ser só engenheiros!

Aprendam a gostar de música, das artes plásticas, da literatura, da poesia, do teatro e do cinema. Cultivem-se! Um engenheiro que só sabe engenharia nem sequer engenharia sabe! E aqui recordo um velho provérbio: ‘Pouca cultura é pior do que nenhuma’. Sejam ambiciosos! Mas sejam pacientes, porque os êxitos não se conseguem de um dia para o outro! Definam objetivos ambiciosos e atuem nesse sentido com a confiança de que esses objetivos vão ser atingidos. Há muito para fazer neste país, no resto da América do Sul e no resto do mundo! A vossa ambição será consequência da vossa formação e da vossa cultura. Essa ambição tem de vos levar a subir a fasquia da qualidade.

Tem de vos levar ao nível do melhor no espaço global! O futuro está a dar-vos uma dimensão que vos permite atuar em qualquer parte do mundo. Hoje tem de ser esse o vosso horizonte. Vocês vão ter que dialogar com toda a espécie de pessoas: arquitetos, juristas, economistas, poetas, artistas, professores, comerciantes, operários etc. É isso que a vida nos exige. Ter de dialogar com uma grande diversidade de seres humanos e de sensibilidades. Na realização de um empreendimento, nos processos administrativos, em projeto ou em obra, intervêm sempre vários profissionais, cada um de sua especialidade. Um engenheiro civil nunca trabalha sozinho. Numa equipe de obra ou numa equipe de projeto, a solução ótima para a especialidade onde estamos a intervir pode não ser a melhor para a obra. Há sempre que discutir e que negociar. Mas é a nossa cultura e o respeito pelos valores éticos e deontológicos que fazem a nossa credibilidade. E a nossa credibilidade é fundamental para convencermos os nossos interlocutores de que a nossa solução é boa.”

“A engenharia civil, assim designada há mais de 100 anos, constitui o mais abrangente ramo da engenharia. É a engenharia civil que coordena a atividade da construção. Ela atua ao lado do promotor, ao lado do dono da obra, ao lado do projetista, ao lado do empreiteiro e ao lado da entidade licenciadora. A qualidade da construção tem muito que ver com a qualidade da engenharia que a projeta, que a planeja, que a gere e que a produz. O ato de construir é muito complexo e tem muitos intervenientes.

É o resultado da intervenção de todas as especialidades da construção, da engenharia e da arquitetura. É preciso coordenar e disciplinar todo esse processo. Só a engenharia civil tem essa capacidade e essa competência.”

“Os engenheiros civis têm de contribuir para garantir as condições de segurança das construções. Para garantir as condições de segurança e saúde para os trabalhadores nos locais de trabalho. Para prevenir e minimizar os efeitos das catástrofes naturais, como os sismos, os maremotos, os furacões ou as inundações. Para garantir a proteção das orlas costeiras. Para garantir um melhor aproveitamento dos recursos naturais.

Para melhorar o ordenamento e desenvolvimento do território e as condições para elevar a qualidade de vida das populações. Para garantir a defesa do ambiente, minimizando os impactes das construções. Para reduzir a sinistralidade nas estradas, bem como nos estaleiros de construção, através de melhores projetos e sistemas construtivos adequados. Para combater a corrupção, através de propostas que simplifiquem as normas e regulamentos em vigor, com análise dos processos produtivos e dos sistemas de avaliação e de decisão.”

“A formação de engenheiros civis, a verificação das suas competências e dos regulamentos que sabem aplicar, já não é apenas um problema de cada país e das respectivas associações profissionais, mas de todos os utilizadores do resultado desse trabalho. É um problema de toda a sociedade.”

“Dentro desta ideia teve lugar em Lisboa, em 12 de março de 2008, o Primeiro Encontro das Associações de Engenheiros Civis dos Países de Língua Portuguesa e Castelhana. Foi então redigida, em português e castelhano, a chamada ‘Declaração de Lisboa’, que no capítulo IV parágrafo 6 diz: ‘Para o exercício da profissão de engenheiro civil, com as competências reconhecidas ao longo das últimas décadas, considera-se necessária uma formação integrada de ensino superior com um mínimo de cinco anos’. Já levei ao European Monitoring Comité da Federation Europeéne des Associations Nationaux d’Injénieurs (Feani) o texto em inglês deste documento. E foi-me pedido que se enviasse ao Conselho da Feani todos os documentos produzidos por esta associação de engenheiros civis que representa mais de meio milhão desses profissionais, numa população total de 630 milhões de habitantes. Vejam a força política que esta associação pode vir a ter.”

“O Conselho das Associações Profissionais de Engenheiros Civis de Língua Portuguesa e Castelhana é presidido pelo Bastonário da Ordem dos Engenheiros de Portugal. Já houve um segundo encontro em Brasília em 11 de dezembro de 2008 e o próximo será em data muito próxima em Montevideu, Uruguai.”


Para ler outros interessantes textos como este veja a página do Instituto de Engenharia.


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Péricles Brasiliense Fusco

Como os pedidos são muitos, atualizo a entrevista com o meu grande mestre, o professor Péricles Brasiliense Fusco.

Entre os grandes nomes da engenharia brasileira, sem dúvida, está o do professor Péricles Brasiliense Fusco. Assim como o Péricles de Atenas, que iniciou um ambicioso projeto que construiu a maior parte das estruturas que ainda existem na Acrópole de Atenas (incluindo o Partenon), o Péricles brasileiro, ou melhor, Brasiliense, foi responsável por grandes projetos no Brasil.

Conheci o professor Fusco por ocasião do Mestrado, na Escola Politécnica da USP. Entre muitos momentos de convivência mais íntima, que guardo entre as boas recordações de minha vida, foi possível aprender muito com respeitável mestre.

Neste texto, da Revista Téchne, temos uma idéia um pouco melhor da brilhante carreira do professor Fusco.

Conhecimentos aprofundados em estruturas levaram o engenheiro civil a ajudar na concepção do primeiro curso de engenharia naval do Brasil

Por Renato Faria
Nome: Péricles Brasiliense Fusco
Idade: 78 anos
Graduação: Engenharia Civil em 1952 e Engenharia Naval em 1960, ambas pela Universidade de São Paulo
Especializações: Pós-doutorado em curso internacional de divulgação científica do CEB (Comitê Euro-Internacional do Concreto) em 1973
Instituições nas quais trabalhou: IPT, Themag, USP, FEI e Fundação Salvador Arena
Cargos que exerceu: engenheiro-assistente no IPT, diretor de projetos na Themag, professor na USP, professor e responsável de disciplinas na FEI e diretor-acadêmico na Fundação Salvador Arena


O engenheiro Péricles Fusco é um convicto defensor do curso de Engenharia básico nos primeiros anos de graduação. A maioria dos jovens que ingressam na universidade com seus 17 ou 18 anos, acredita, ainda não tem maturidade suficiente para tomar uma decisão tão definitiva a respeito de seu futuro profissional. A escolha de uma área de especialização nesse momento é um risco desnecessário. Quando ele prestou o vestibular para a Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), no final de 1947, não teve essa "mordomia": era preciso escolher de pronto a área de Engenharia que desejava seguir. Verdade que, na época, não havia muitas opções à disposição: apenas os cursos de engenharia civil, de mecânica-eletricista, de engenharia química e de minas e energia. Confiante, escolheu a primeira e não se arrependeu.

"Quando fiz o curso, o Brasil era ainda um País agrícola", explica Péricles. Era uma época de pouca oferta de engenheiros no mercado, o que fazia com que as empresas já contratassem os futuros engenheiros antes mesmo de se formarem. Durante a graduação, Telemaco Van Langendonck, seu professor, o indicou para estagiar no escritório de engenharia estrutural de Paulo Franco Rocha, onde trabalhou até alguns meses após a formatura. Graças a essa experiência, mesmo antes da graduação Fusco já podia ser considerado engenheiro formado. "Quando eu me formei, já tinha projetado meu primeiro arranha-céu", revela.

Na seção de estruturas do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), onde ficou por três anos, deu os primeiros passos na carreira acadêmica. Ela amadureceu quando começou a dar aulas de estabilidade das construções e de estruturas metálicas na FEI (Faculdade de Engenharia Industrial) e se consolidou ao ser chamado para ser professor-assistente da cadeira de concreto da Poli-USP. Sem grandes desvios, a carreira acadêmica de Péricles Fusco seguia a rota planejada dentro da engenharia de estruturas. Mas ventos inesperados o conduziram para um caminho não previsto, fazendo necessário um hiato nos estudos da engenharia civil.

A partir da metade da década de 1950, no auge do processo de industrialização do País, crescia a preocupação da Marinha Brasileira em defender a extensa costa brasileira. Até então, todos os engenheiros navais brasileiros formavam-se no MIT (Massachusetts Institute of Technology). Se por um lado não havia reclamações sobre a formação tecnológica desses engenheiros, faltava-lhes maior conhecimento sobre as necessidades e o contexto brasileiros. Com assessoria técnica da Marinha estadunidense, o governo brasileiro montou, na Escola Politécnica da USP, o primeiro curso de engenharia naval tupiniquim. Engenheiros do mundo todo foram chamados para ministrar as primeiras disciplinas, mas faltavam professores disponíveis com conhecimentos aprofundados na área de projeto de estruturas de navios de guerra.

O primeiro responsável pela cadeira seria o contra-almirante reformado da Marinha Americana e ex-professor do MIT, George Charles Manning. Mas a vaga de assistente ainda esperava por alguém. "E esse alguém fui eu", brinca Péricles, que fora chamado por seus conhecimentos de estruturas em construção civil. A previsão era a de que Manning começasse a dar o curso em 1959, com a ajuda de Fusco. Mas, pouco antes da estréia, o "titular" preferiu inverter os papéis e transferiu seu cargo ao auxiliar. "Ele acreditava que eu tinha mais conhecimentos de estruturas", explica Fusco.

Para se aperfeiçoar na área de engenharia naval, Fusco matriculou-se no recém-inaugurado curso da USP e partiu para sua segunda graduação. Algo estranho acontecia. "Por dois semestres, fui ao mesmo tempo aluno e professor de mim mesmo", explica. As disciplinas foram inusitadas do início ao fim. Nos finais de semestre, enquanto ele avaliava seus colegas-alunos, seus exames vinham do MIT em envelopes lacrados. Antes de se formar em 1960, ainda estagiou em Copenhague (Dinamarca) e Roterdã (Holanda), financiado pela Petrobrás.

Durante o período em que lecionou no curso, foi o responsável pela elaboração do projeto de quatro navios guarda-costas, que, entretanto, não saíram do papel. O então presidente Jânio Quadros havia cancelado o projeto, que custaria, em valores da época, US$ 30 milhões. No final da década de 1960, cansado de não exercer plenamente sua criatividade na Engenharia Naval, voltou para o departamento de estruturas da escola de engenharia civil da Poli.

Ali, ajudou a montar o laboratório de estruturas com doações do Metrô de São Paulo e de ex-alunos empresários do ramo de construção civil. No final da década de 1980, viajou a universidades da Europa e dos Estados Unidos para conhecer a estrutura de seus cursos de engenharia. A experiência resultou na reforma do currículo da escola, que estabeleceu o curso básico de Engenharia no primeiro ano, com a especialização ocorrendo em etapas durante a graduação. Aposentou-se em 1997, quando foi para a Fundação Salvador Arena dirigir a Escola Técnica da entidade. Nesse período, estudou questões de pedagogia e criou a Faculdade de Tecnologia Termomecânica, da qual foi diretor até 2007. Ano em que, mais uma vez, voltou à USP para orientar trabalhos de mestrado e doutorado.
Dez questões para Péricles Fusco

1) Obras marcantes das quais participou: fábricas da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio); Usina Hidrelétrica de Itaipu; estações da linha norte-sul do Metrô paulistano
2) Obras mais significativas da engenharia brasileira: segunda pista da Rodovia dos Imigrantes e as pontes estaiadas em construção pelo Brasil
3) Uma realização profissional: saber que os engenheiros civis consideram uma "bíblia profissional" uma obra minha - Técnica de Armar as Estruturas de Concreto (Editora PINI)
4) Mestres: Telemaco Van Langendonck, Luís de Anhaia Melo, Hubert Rüsch
5) Por que escolheu ser engenheiro: provavelmente por atavismo (ou seja, herança de gerações distantes)
6) Melhor escola de engenharia: se é a melhor, não sei, mas uma muito boa é a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
7) Um conselho ao jovem profissional: ter cuidado com o desempenho escolar, em qualquer nível. É preciso saber que toda aquisição de conhecimento tem duas fases - a primeira é a da lógica, do contato com o problema; a segunda, a operacional, que só será eficiente se a primeira for bem assimilada
8) Principal avanço tecnológico recente: o conhecimento sobre a execução das pontes estaiadas
9) Indicação de um livro: Política, de Aristóteles
10) Um mal da engenharia: submeter-se à lógica monetária da busca pelo lucro

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Feira Brasileira de Ciências e Engenharia - FEBRACE 2011

Feira Brasileira de Ciências e Engenharia - FEBRACE 2011
06.10.2010 - 31.03.2011 

IX Concurso METMAT de Fotomicrografias de Metalurgia e Materiais

IX Concurso METMAT de Fotomicrografias de Metalurgia e Materiais
Inscrições até 25/11/2010.
Exposição de  29/11 a 10/12/2010.
Entrega do prêmio dia 03/12/2010, a partir das 17h.
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais

VII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

A Universidade Estadual da Feira de Santana organiza a VII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, com tema: Ciência para o Desenvolvimento Sustentável. As Inscrições para Oficina e Mini-Curso já estão abertas na PROEX.  Contato: Dilly: (75) 3224-8026.

Entrevista: Yopanan C. P. Rebello


Em Abece Informa

Engenheiro civil formado pela Universidade Mackenzie, mestre e doutor em Estruturas Ambientais Urbanas pela Universidade de São Paulo, Yopanan Conrado Pereira Rebello é engenheiro de estruturas e diretor técnico da Ycon Engenharia, tendo realizado projetos em concreto armado, concreto protendido, aço, madeira, alvenaria estrutural e argamassa armada. É autor dos livros A concepção estrutural e a arquitetura, Bases para o projeto estrutural na arquitetura, Aço, concreto e madeira – atendimento às expectativas dimensionais, Fundações - guia prático de projeto, execução e dimensionamento e Arquiteturas da engenharia ou engenharias da arquitetura e redigiu mais de 50 artigos técnicos para revistas especializadas. Professor de Sistemas Estruturais I na Faculdade de Arquitetura Escola da Cidade e diretor pedagógico da Ycon Formação Continuada, ministra cursos sobre as interfaces entre engenharia e arquitetura em todo o Brasil, além de ser professor de cursos à distância promovidos pelo CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço).

A que se deve o sucesso do curso à distância Sistemas Estruturais em Aço na Arquitetura promovido neste ano pelo CBCA?

Um produto só faz sucesso se for de qualidade, apresentar algum diferencial, ser acessível e bem divulgado. E para mim é isso que o CBCA oferece. Desses fatores, posso falar melhor sobre a qualidade e do diferencial do produto. O curso é montado de maneira que, em primeiro lugar, garanta um bom nivelamento de conhecimento, independente do grau de informação que o aluno apresente ao procurá-lo. Esse nivelamento é feito a partir da discussão dos fenômenos básicos que ocorrem nos elementos estruturais, tais como tração, compressão, flambagem, flexão e torção. Só depois é que o material aço é apresentado, complementando a exposição com a apresentação de suas aplicações nos mais diversos sistemas estruturais.

Como o sr. avalia a evolução do uso do aço nas atuais construções?

Eu diria que graças à intensa divulgação feita pelos grupos siderúrgicos e pelos órgãos do setor, o aço começa a conquistar seu espaço na Construção Civil. Existem barreiras a serem vencidas e a principal ainda é o desconhecimento. A maior demanda na construção civil é a de moradias, principalmente as denominadas habitações populares. É demais conhecido o déficit de habitações no país. E a estrutura metálica, com todas as suas vantagens construtivas, seria a melhor alternativa, não fosse a falta de uma avaliação mais criteriosa de custos tanto pelos projetistas como clientes. Esse é um entrave que deve ser removido a curto prazo.

Quando e como deve se dar a escolha pelo sistema estrutural em aço?


Uma coisa que tem que ficar clara: não há um único material que resolva bem todas as situações de projeto. Há ocasiões em que o aço pode ser melhor que o concreto, outras em que isso se inverte; e algumas, até, em que a madeira pode ser a melhor opção. Dependendo da situação, o aço é imbatível, tais como na velocidade de execução, na precisão e leveza. Ainda há situações em que o próprio canteiro de obras e a topografia de implantação da edificação, praticamente, obrigam o uso do aço. Não se deve esquecer a possibilidade, muito interessante, de juntar aço, concreto e madeira, cada um desempenhado seu melhor papel na composição estrutural e arquitetônica. Já tive oportunidade de juntar, com sucesso, aço e alvenaria estrutural. Agora, uma coisa, para mim, é inadmissível: o uso de qualquer material por modismo.

Para ler na íntegra: Abece Informa

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Supercomputador entra em atividade

Da página de notícias da UESC.

A Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) disponibilizará aos seus pesquisadores uma nova ferramenta, o Centro de Armazenamento de Dados e Computação Avançada da UESC (CACAU). O equipamento será apresentado à imprensa e à comunidade acadêmica, na próxima segunda-feira, dia 18 de outubro, às 9h30min no NBCGIB - Núcleo de Biologia Computacional e Gestão de Informações Biotecnológicas, onde está instalado. Às 10 horas, no auditório do 5ª andar da Torre Administrativa, a equipe que coordenou o projeto fará uma explanação sobre a capacidade do equipamento e os softwares disponíveis.

O CACAU deverá servir de apoio aos pesquisadores e alunos na solução de problemas que envolvam cálculos numéricos complexos, além de prover espaço para armazenar parte de sua produção científica de forma segura e confiável.
Segundo o Dr. Adriano Hoth Cerqueira, professor do Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicos (DCET) “o supercomputador CACAU é uma solução em computação de alto desempenho com 160 núcleos de processamento e grande capacidade de cálculo e armazenamento de dados”.
O projeto tem o apoio da FINEP/MCT, através de seus editais infraestruturantes. O site do CACAU pode ser visto em NBCgib

Concurso Idéias Inovadoras


Pesquisadores da UESC são aprovados para Fase 3 do Concurso Idéias Inovadoras. Confira a lista dos aprovados na página da FAPESB. Entre os finalistas está o bloco BIOLEVE S, projeto dos pesquisadores Ricardo Alvim e Flávio Pietrobon.

Pontes estaiadas no Brasil

Em lembrança ao que considera o professor Fusco, para quem as pontes estaiadas estão entre os grandes avanços da engenharia civil no últimos anos, vamos a uma lista das principais pontes estaiadas contruídas no Brasil nos últimos anos, ou em construção. Começaremos a lista por ordem alfabética e divididas pelos estados.

ACRE
Rio Branco
Ponte Brasil-Bolívia (2004)


Ponte da Integração Brasil - Perú


AMAZONAS
Manaus / Iranduba
Ponte sobre o Rio Negro (em construção, inauguração prevista para novembro de 2010)



DISTRITO FEDERAL
Brasilia
Ponte Juscelino Kubitscheck (2002)



MARANHÃO
Imperatriz (Divisa com o estado do Tocantins)
Ponte de Imperatriz (em Obras)


MATO GROSSO
Cuiabá
Ponte Sérgio Motta (2006)


MATO GROSSO DO SUL
Paranaíba (Divisa com o estado de Minas Gerais)
Ponte do Porto Alencastro (2004)


Brasilândia-MS / Paulicéia-SP (Divisa com o estado de São Paulo)
Ponte divisa MS-SP




PARÁ
Marituba / Acará
Alça Viária Ponte Gov. Almir Gabriel (2002)


PIAUÍ
Teresina
Ponte Mestre João Isidoro França (2010)





RIO GRANDE DO NORTE
Natal
Ponte Newton Navarro (2007)



RIO DE JANEIRO
Rio das Ostras
Ponte sobre o Rio das Ostras (2007)


SÃO PAULO
São Paulo
Ponte Octavio Frias de Oliveira (2008)



Baixada Santista
Viaduto Mário Covas (2002)



Ponte e Estação de Metrô Santo Amaro (1998)




SERGIPE
Aracaju - Barra dos Coqueiros
Ponte Construtor João Alves (2006)