quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Vitrúvio e seu Legado para a Aquitetura e a Engenharia

Marcus Vitruvius Pollio foi um arquiteto e engenheiro romano, que viveu no século I a.C., no período do Imperador Augusto. Vitrúvio deixou como legado uma obra em 10 volumes, aos quais deu o nome de De Architectura (aprox. 40 a.C.). Essa obra se constitui no único tratado europeu do período grego-romano que chegou aos dias atuais, sendo inspiração aos elementos arquitetônicos e estéticos das construções.
Vitrúvio inicia sua obra abordando a formação e a educação do arquiteto. Vitrúvio via no arquiteto uma pessoa que detém conhecimentos sobre as mais diversas ciências e artes, consideradas na época como “verdadeiras”, plausíveis. Geometria, História, Matemática, Música, Medicina, e até mesmo a Astronomia, deveriam ser conhecidas pelo arquiteto, que, ao contrário de outros profissionais, não deveria se especializar em um único tema, mas abranger diferentes áreas do conhecimento humano. Na verdade, o caráter geral da formação do arquiteto, fundamentada por Vitrúvio, decorre do contexto no qual surgiu essa profissão, e também a figura que hoje entendemos como engenheiro. De modo sucinto, a palavra arquiteto vem do grego arkhitektôn que significa "o construtor principal" (arqui = principal / tectônica = construção) ou "mestre de obras". Na comparação com a profissão de engenheiro, o arquiteto, desde sua origem esteve envolvido com as "Belas Artes" mais profundamente. Por sua vez, a palavra engenheiro decorre da palavra latina ingenium, derivada da raiz do verbo gignere, que significa gerar, produzir, isto é, o engenheiro é o  encarregado da produção
O trabalho no campo das Artes baseia-se na busca da produção perfeita das coisas, ou seja, a padrões estéticos aceitos pelo homem como adequados e que envolvem a simetria, a proporção e o ajuste das dimensões e formas aos modelos pretendidos e esperados. E que tem como base a inspiração encontrada na natureza, que confere soluções singulares para função e forma dos seres vivos. 
Nesse sentido, a influência de Vitrúvio se fez presente em grandes artistas da Renascença. A busca pela forma perfeita das coisas está fortemente presente no trabalho do renascentista Leonardo da Vinci, em especial no seu trabalho O Homem Vitruviano. O homem vitruviano (ou homem de Vitrúvio) é um conceito apresentado por Vitrúvio no livro De Architectura. Tal conceito é considerado um cânone das proporções do corpo humano, segundo um determinado raciocínio matemático e baseando-se, em parte, na divina proporção. O homem descrito por Vitrúvio apresenta-se como um modelo ideal para o ser humano, cujas proporções são perfeitas, segundo o ideal clássico de beleza. A proporção áurea ou divina proporção (ou número de ouro, número áureo, ou ainda proporção dourada) é uma constante real algébrica irracional denotada pela letra grega φ (phi) e com o valor arredondado a três casas decimais de 1,618.

A divina proporção, ou proporção áurea, é uma razão que há muito é empregada na Arte, sendo frequentemente utilizada em pinturas renascentistas, como as do mestre Giotto e nos trabalhos de da Vinci. Este número está envolvido com a natureza do crescimento. Phi (não confundir com o número Pi, ou simplesmente π), como é chamado o número de ouro, pode ser encontrado na proporção em conchas, como o nautilus, por exemplo.

 
Nautilus

 
 
Nos seres humanos, o tamanho das falanges, ossos dos dedos, e a distância entre as falanges, por exemplo, seguem essa proporção.
Dessa forma, encontra-se uma solução esteticamente aceita devido a proporcionalidade das dimensões e simetrias, ou assimetrias constantes, repetidas. O processo de repetição, proporcional das dimensões guarda singular aceitação na natureza. Seu uso, a partir das Artes, transposto à Arquitetura e Engenharia,  permitiu encontrar soluções não apenas satisfatórias do ponto de vista estrutural, mas únicas, elegantes  e esteticamente aceitáveis.



O Pártenon, Grécia
Essa incrível busca pela elegância e beleza é antiga e promove uma influência decisiva nas estruturas construídas atualmente. A proporção real, Vitruviana, está presente, muito antes do próprio Vitrúvio em si, na história da humanidade. De fato, a razão áurea está presente, por exemplo, na fachada do Pártenon, na Grécia, que segue quase perfeitamente essa razão entre largura e altura. Também o quociente entre a altura da face lateral e da metade da aresta da base da pirâmide de Gizeh, no Egito, é exatamente igual à razão áurea.
Nos dias atuais, as estruturas com formas inspiradas na natureza, e com curvas ´"máginas são cada vez mais comuns, mesmo que para isso o custo estrutural seja muito maior. Se não por razões estéticas, muitas estruturas construídas hoje não encontrariam explicações.
The Sydney Opera House


Um comentário:

  1. No texto de Mikhail Bakhtin "A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento há uma referência às obras de Vitrúvio condenava a nova moda bárbara de borrar as paredes com monstros em vez de pintar imagens claras do mundo dos objetos. Voce tem alguma informação sobre este aspecto, há algum documento que mostre essas pinturas "grotescas"??

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