quinta-feira, 14 de julho de 2011

Universidades brasileiras divulgam ciência


De abril para cá, a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e Universidade de Brasília (UnB)
aumentaram os esforços para aproximar do público o trabalho de seus pesquisadores. Elas lançaram, respectivamente, os sites jornalísticos Ciência e Cultura Agência de Notícias em CT&I e UnB Ciência voltados para os internautas em geral. As iniciativas, que também buscam manter um diálogo com a própria comunidade universitária, nasceram da carência desse tipo de informação no Brasil.

Abrir o espaço para os sites não foi sem percalços, embora seja clara a desconexão entre a produção científica dessas instituições os internautas no país. “Depois de dez anos aqui na universidade, agora o projeto de divulgação científica começou a andar”, conta Simone Terezinha Bortoliero, coordenadora geral do Curso de Especialização em Jornalismo Científico e Tecnológico da Faculdade de Comunicação da Ufba. A agência surgiu, em parte, como laboratório de experimentação para os alunos do curso, com apoio de um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). Essa não é a primeira incursão da Ufba pela divulgação: na década de 1990, a universidade teve uma experiência chamada Ciência Press, que acabou por falta de continuidade. 

“Salvador tem três milhões de habitantes, mas um único jornal que produz meia página de ciência com fontes oriundas do eixo Rio-São Paulo”, observa Simone. Segundo ela, os jornalistas locais procuram entrevistados na universidade, porém o próprio assessor de imprensa tem dificuldade em saber quais estudos são produzidos dentro da instituição. “Poucos pesquisadores têm interesse em divulgar à comunidade”, alerta a professora.

Para Simone, principalmente no estado em que trabalha, falta a percepção de que a ciência também faz parte da cultura local. “A Bahia não tem o costume de discutir ciências e achar que é importante. As artes conseguem mais presença nos debates”, reflete. Porém, aos poucos, ela crê que é possível reverter essa situação. “Os pesquisadores estão reagindo bem, apenas em um dia cinco professores se candidataram para escrever para nosso site. Além disso, os estudantes de jornalismo estão indo aos departamentos forçar o diálogo”, conta Simone.

Em Brasília, a editora de jornalismo Ana Lúcia Moura afirma ter desfrutado de menor dificuldade e resistência dos docentes. “Os pesquisadores queriam muito ter um espaço para contar o que acontece nos laboratórios”, diz. Com freqüência, os cientistas se queixavam quando matérias do cotidiano da instituição – como greve e vestibular – tinham mais destaque no portal da UnB do que aquelas sobre pesquisas. Mesmo assim, o UnB Ciência apenas entrou no ar depois de um ano de projeto.  Agora, do portal principal da instituição, o leitor é diretamente reencaminhado ao UnB Ciência.

Antes de desenvolver o projeto na capital federal, um levantamento sobre sites de universidades brasileiras e estrangeiras revelou que a maioria dá preferência às notícias cotidianas. Apenas algumas privilegiam a ciência. “Divulgar notícias sobre ciência produzida na universidade é importante para a instituição, um processo de transparência já que há investimento público”, acredita a jornalista. “Além disso, uma notícia pode ser lida por outro pesquisador e acabar cumprindo o propósito de criar um intercâmbio entre eles”, completa.

Para atingir todos esses objetivos, o UnB Ciência divide as matérias por área de interesse – como Engenharias, Artes e Humanidades, Interdisciplinares –, enquanto o site da UFBA aposta em chamadas para notícias na página principal e em meios multimídia como sua Web TV. Agora, é mais fácil saber um pouco mais sobre a produção científica, genuinamente, brasileira.

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